quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Teologia, Denominações, Verdades, Igreja.

Recentemente me veio o desejo de adquirir uma nova bíblia de estudos. Em inglês.

Então, como todo "bom consumidor", comecei a pesquisar quais eram os diversos modelos disponíveis e suas características. Mas, não é como se vendedores oferecessem a visão mais objetiva de seus produtos, então, fui atrás de descobrir o que os compradores diziam sobre os modelos que me chamaram atenção.

E não gostei do que vi.

Não falo das análises críticas sobre qualidade de papel, capa, construção e tudo mais.

O que não me agradou foi a "guerra aberta" entre calvinistas e arminianos.

Cada um dizendo que tal versão da bíblia era melhor por se encaixar em SUAS doutrinas.

E aí, isso me lembrou meu post passado.

Religiosidade...

É engraçado, de uma forma meio "irônica", mas é...

Cristo veio nos libertar das "correntes" da "religiosidade".

Ele veio nos motrar a verdade. Ele era e É a verdade.

A Palavra feita carne. O Logos. O Verbo.

E aí, nós, que nos dizemos seus seguidores, vamos e fazemos o contrário da Sua vontade.

Abandonamos algumas correntes...

Mas ao invés de abraçar a liberdade em Cristo...

Corremos para comprar correntes novas.

Ai ai.

Para completar, hoje resolvi ler um pouco da primeira epístola aos Coríntios, não pensei em motivo algum para lê-la, apenas, decidi.

Eu não pensei, mas é claro que eu dei de cara com o seguinte texto...

1 Coríntios 1:10-13
"Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer.

Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi comunicado pelos da família de Cloé que há contendas entre vós. Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo.

Está Cristo dividido? Foi Paulo crucificado por vós? Ou fostes vós batizados em nome de Paulo?"

E é claro que isso me fez lembrar tudo que foi dito acima.

C.S. Lewis defende que relacionamentos começam quando achamos no outro uma "verdade em comum".

Nós temos o mesmo gosto por algo.

Praticamos a mesma atividade.

Cremos nas mesmas coisas.

Exemplos de "verdades".

A intensidade dos nossos relacionamentos então, se dá na proporção da intensidade das verdades que temos em comum.

Então quanto mais eu me importo com algo em comum que eu tenho com aquela pessoa, mais forte seria o meu relacionamento com ela... mais intenso.

Agora, vamos olhar para um "contexto" Cristão.

Cristo nos diz que um dos dois maiores mandamentos é "amar a Deus acima de todas as coisas". E, Ele também afirma que Ele é "a verdade, o caminho, e a vida".

Então, supostamente, "a verdade mais intensa" de um "cristão" deveria ser o próprio Cristo.

Nós deveríamos nos unir em torno de Cristo.

O que dizer então, quando pessoas dizem seguir Cristo, mas se separam em grupos isolados por outros credos?

Porquê, na mesma rua, temos duas igrejas vizinhas, de denominações diferentes, ao invés de uma única grande igreja?

Por quê, eu vou ler opiniões sobre uma Bíblia e encontro discussões e BRIGAS entre Arminianos e Calvinistas?

Acima de tudo, não somos... Cristãos?

Ou será que "a grande verdade" de nossas vidas é um cojunto de doutrinhas que nos agrada, ao invés de Cristo?

Será que acima de cristão eu sou batista ou calvinista?

Paulo já dizia...

1 Coríntios 2:5
"Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus."

1 Coríntios 3:11
"Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?

Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais?

Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um? Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento.

Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho. Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.

Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo."

Que a vossa fé não se apoie, não se defina, por sabedoria humana. E sim em Deus.

Nenhum outro fundamento além do que já está posto posto. Jesus Cristo.

1 Coríntios 3:21-23
"Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso; seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro; tudo é vosso, e vós de Cristo, e Cristo de Deus."

Examinai tudo, retém o bem, irmãos.

É preocupante quando gastamos nosso tempo discutindo sobre coisas que não levam à salvação ou edificação, e, quanto nosso entusiasmo e energia são voltados a defender Wesley, Calvino, Lutero ou qualquer outro ao invés do Cristo.

Afinal...

Isso tudo realmente importa tanto assim?

Qual o nosso bem mais preciso se não a salvação que nos é dada graciosamente em Cristo Jesus?

Todo o resto... não é apenas... resto?

E, será que todos temos que ser completamente iguais?

Cristo não "recrutou" pescadores, cobradores de impostos e médicos?

Essas diferenças não parecem importar tanto quando somos iguais aonde interessa... que é Cristo.

Romanos 14:2-9
"Porque um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come legumes.
O que come não despreze o que não come; e o que não come, não julgue o que come; porque Deus o recebeu por seu.

Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai. Mas estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar.

Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz. O que come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e o que não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus.

Porque nenhum de nós vive para si, e nenhum morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor. Porque foi para isto que morreu Cristo, e ressurgiu, e tornou a viver, para ser Senhor, tanto dos mortos, como dos vivos."

Ele é Senhor de uns e de outros irmãos. Tem coisas que importam e coisas que não importam tanto assim... vamos dar o devido valor a cada uma.

Nos unir por aquilo pelo qual devemos nos unir.

E não deixar NADA nos separar.

Romanos 14:17
"Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo."

O Reino não é de contenda e discussões teológicas. O reino não é feito de panelinhas.

E amados...

Que tal lembrar do já dito "examinai tudo, retém o bem" ?

Romanos 15:4-6
"Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança.

Ora, o Deus de paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus. Para que concordes, a uma boca, glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo."

O que foi escrito, foi escrito para o ensino, sim.

Mas, para gerar em nós esperança, consolo...

E é muito interessante a parte que fala em ter o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus.

Assim como a parte que fala em glorificar em uma só voz à Deus.

Mesmo sentimento.

Uma só voz.

Já questionamos a razão por trás de nossos atos e o que é que nos define...

Apenas, mais uma vez, peço que reflitam se não estamos "trocando as bolas".

E para terminar, quero deixá-los com o texto maravilhoso do irmão "Tonho" do movimento Underground:

"Essa noite, eu tive um sonho de sonhador, sonhei com uma igreja esquisita. Ela não tinha muros, piso, púlpito, bancos ou aparelhagem de som. A igreja era só as pessoas. E as pessoas não tinham títulos ou cargos, ninguém era chamado de líder, pois a igreja tinha só um líder, o Messias. Ninguém era chamado de mestre, pois todos eram membros da mesma família e tinham só um Mestre. Tampouco alguém era chamado de pastor, apóstolo, bispo, diácono ou Irmão. Todos eram conhecidos pelos nomes, Maria, Pedro, Afonso, Julia, Ricardo...

Todos os que criam pensavam e sentiam do mesmo modo. Não que não houvesse ênfases diferentes, pois Tiago dizia: “Vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem das obras, para que ninguém se glorie”, enquanto Paulo dizia: “A pessoa é aceita por Deus por meio das suas obras e não somente pela fé”. Mas, mesmo assim, havia amor, entendimento e compreensão entre as pessoas e suas muitas ênfases.

Não havia teólogos nem cursos bíblicos, nem era necessário que ninguém ensinasse, pois o Espírito ensinava a todos e cada um compartilhava o que aprendia com o restante. E foi dessa forma que o Agenor, advogado, aprendeu mais sobre amor e perdão com Dinorá, faxineira.

Não havia gente rica em meio a igreja, pois ninguém possuía nada. Todos repartiam uns com os outros as coisas que estavam em seu poder de acordo com os recursos e necessidades de cada um. Assim, César que era empresário, não gastava consigo e com sua família mais do que Coutinho, ajudante de pedreiro. Assim todos viviam, trabalhavam e cresciam, estando constantemente ligados pelo vínculo do amor, que era o maior valor que tinham entre eles.

Quando eu perguntei sobre o horário de culto, Marcelo não soube me responder e disse que o culto não começava nem acabava. Deus era constantemente cultuado nas vidas de cada membro da igreja. Mas ele me disse que a igreja normalmente se reunia esporadicamente, pelo menos uma vez por semana em que a maioria podia estar presente. Normalmente era um churrasco feito no sítio do Horácio e da Paula, mas no sábado em que eu participei, foi uma macarronada com frango na casa da Filomena. As pessoas iam chegando e todos comiam e bebiam o suficiente.

Depois de todos satisfeitos, Paulo, bem desafinado, começou a cantar uma canção. Era um samba que falava de sua alegria de estar vivo e de sua gratidão a Deus. Maurício acompanhou no cavaquinho e todos cantaram juntos. Afonso quis orar agradecendo a Deus e orou. Patrícia e Bela compartilharam suas interpretações sobre um trecho do evangelho que estavam lendo juntas. Depois foi a vez de Sueli puxar uma canção. Era um bolero triste, falando das saudades que sentia do marido que havia falecido há pouco tempo. Todos cantaram e choraram com ela. Dessa vez foi Tiago que orou. Outras canções, orações, hinos e palavras foram ditas e todas para edificação da igreja.

Quando o sol estava se pondo, Filomena trouxe um enorme pão italiano e um tonelzinho com um vinho que a família dela produzia. O ápice da reunião havia chegado, pela primeira vez o silêncio tomou conta do lugar. Todos partiram o pão, encheram os copos de vinho e os olhos de lágrimas. Alguns abraçados, outros encurvados, todos beberam e comeram em memória de Cristo.

Acordei com um padre da Inquisição batendo à minha porta. Junto dele estavam pastores, bispos, policiais, presidentes, ditadores, homens ricos e um mandado de busca. Disseram que houvera uma denúncia e que havia indícios de que eu era parte de um complô anarquista para acabar com a religião. Acusaram-me de freqüentar uma igreja sem líderes, doutrina ou hierarquia; me ameaçaram e falaram: “Ninguém vai nos derrubar!”. Expliquei: “Vocês estão enganados, não fui a lugar nenhum, não encontrei ninguém ou participei de nada... aquela é apenas a igreja dos meus sonhos”."

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