quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

"Eu escolhi esperar"?

‎"Eu escolhi esperar"?

Pois já passou da hora! Seu coração já devia estar entregue...

Perdoando a brincadeira, passemos à reflexão (aos que tiverem a paciência e disposição):

O interessante sobre vontades alheias é isso: Elas são alheias. Você não tem poder sobre elas.

Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia.
Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece. (Romanos 9:15-16)

Já o negócio com relação a Deus é que Ele é justo. Sua vontade é boa perfeita e agradável. Assim, as suas escolhas, ainda que possam nos parecer arbitrárias, são sempre corretas e boas.

Mas as pessoas... as pessoas são outros quinhentos.

Um funcionário às vezes dá o seu melhor, sua e sangra pela empresa. Mas seu chefe tem uma arbitrariedade própria. Talvez esse funcionário nunca receba o que mereça.

E isso é só um exemplo. Todo relacionamento é assim. O que uma das partes faz, não vincula a outra. Não necessariamente há "justiça" ou "equilíbrio" em relacionamentos (ainda que seja o ideal).

Então, vale a pena dar o seu melhor por coisas tão incertas quanto as que envolvem pessoas? Porque não lidar apenas com máquinas, que são programadas e previsíveis, nos dando a resposta que esperamos em face das nossas ações?

Porque é o certo. Dói, mas é o correto.

Deus deu o Seu melhor por nós, e desde então, inúmeros homens sábios, tem dado sua vida em gratidão a Deus, e conclamado outros a fazerem o mesmo.

Não necessariamente virando "mártires", mas simplesmente vivendo a vida de forma tal que, em tudo que façamos, o façamos como que para Deus.

Seu chefe é injusto? Faça como para Deus. Seus pais são intransigentes? Faça como para Deus. Seu namorado não te dá o devido valor? Faça como para Deus.

Ele já fez o suficiente por todos. Por mais que seja difícil ver...

As únicas proteções que nos restam, se realmente desejamos viver tal ideal, são:

a) Saber em que "fria" entrar: Todo humano é falho, todo relacionamento humano inevitavelmente vai ser falho. A participação de algumas pessoas em nossas vidas, e os relacionamentos que destas decorrem, podem ser inevitáveis. A esses, só nos cabe honrar. Todavia, algumas outras pessoas, alguns outros relacionamentos, nós que escolhemos entrar ou não... E aí mora a prudência, o cuidado. Cada um exerça a sabedoria, e se não a tem, peça a Deus, que a dá com liberalidade. Mas nunca deixemos de ter tal cuidado. Busquemos conhecer e entender nossas limitações para não nos comprometer com aquilo que sabemos que não conseguiremos honrar. (Até porque, a Bíblia bem nos ensina, não devemos jurar por nada, pois o nosso SIM, deve ser SIM, nosso NÃO, deve ser NÃO, pois o que passa disso, vem daquele que é diametralmente oposto a tudo que Deus significa. Deus, é "homem" de palavra, e somos chamados a ser o mesmo.)

JAMAIS se comprometa com o que você não pode arcar, você vai se machucar, e pior, machucará outros.

b) Depositar o coração no lugar certo: Invariavelmente, todas as pessoas com que nos relacionamos entram em nossos corações, e lá, ocupam diferentes espaços, em proporcionalidade à importância que damos a estas. E isso nos faz vulneráveis. Quão maior espaço alguém ou algo ocupar em seu coração, maior influência exerce sobre você. Seja para bem, ou mal. Quão mais vulnerável você for a tal pessoa, maior alegria ela poderá te trazer, assim como maior dor.

Como já dito, é necessário ter muita sabedoria na hora de determinar quem ocupa que espaços em nossa vida. E mesmo assim, isso não nos torna imunes à imprevisibilidade humana. Para criaturas temporais, as coisas estão sempre em constante mudança.

O melhor a fazer então, é buscar algo, ou melhor, alguém, imutável e perfeito para ocupar o "trono" dos nossos corações.

Deus.

Deus não muda. É o mesmo ontem, hoje e eternamente.
Deus não morre. Ninguém nem nada pode o roubar de você.
Deus é perfeitamente bom. Deus jamais te fará mal.

E, Deus é o único que merece tal posição de qualquer forma. Ele é o único que nos ama de forma TOTALMENTE incondicional, e o único que merece TODA nossa devoção.

E você não estará fazendo um "mal" ao seu relacionamento com isso, nem mesmo ao seu casamento ou o que quer que seja.

Sim, a melhor coisa para o seu cônjuge, par romântico, e assim por diante, é que você ame e se relacione mais intensamente com Deus, do que com essa pessoa. É melhor para ela.

Essa pessoa jamais irá suprir suas carências, jamais vai ser "suficiente" para você. Se você colocar sob uma pessoa, humana, o peso de suprir suas necessidades...

Você vai se decepcionar.

Você tornará esse relacionamento frágil, condicionado, pronto a acabar com o soprar do vento...

Eu poderia dizer que o ideal seria então que você depositasse suas expectativas e carências em Deus, e que isso ajudaria...

Mas isso não é bem verdade.

Não é melhor colocar as SUAS expectativas sobre Deus. O melhor é você abandonar suas expectativas. O melhor é você abandonar a sua vontade.

O melhor é que você "morra". Ou, colocando de forma menos dramática, o melhor é que Deus não somente ocupe a maior parcela do seu coração, mas que Ele ocupe o trono. Que Ele detenha o controle.

Conforme eu abro mão das minhas vontades, e me abro para apenas fazer e me doar em prol daquilo que Deus coloca em minha vida, seja no presente, ou como sonhos futuros, a responsabilidade do resultado de tais coisas já não é mais minha ou de qualquer pessoa envolvida (cônjuge incluso), mas de Deus.

SE foi Ele que mandou, SE partiu dEle, Ele cuidará de tudo. (Todavia, atentemos para o SE.)

Abrimos mão da vontade. Logo, se já não faço o que quero, também já não devo esperar que obtenha os resultados que decorreriam de tais coisas. Só posso então esperar os resultados daquilo para o qual Deus me direcionou.

As expectativas já não são fabricadas por mim, eu apenas aceito aquilo que Deus me manda esperar. E isso é fé.

E Deus me garante coisas terrenas, mas acima e prioritariamente, coisas Eternas.

Aquelas expectativas que eu antes tinha, talvez nunca sejam atendidas...

Mas no final, existem as coisas Eternas.

"Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens." (1 Coríntios 15:19)

Miseráveis, se nosso coração não está no lugar e vivemos à base de nossa vontade e nossas expectativas que sim, via de regra, serão frustradas.

Miseráveis E enganados, se pensamos que "viver para Deus" nos trará benefícios terrenos. Até porque, se espero tais coisas, o próprio "viver para Deus" é uma mentira. Vivo para mim mesmo, esperando que Deus faça a minha vontade.

Bem aventurados, se como Paulo abdicamos do controle de nossas vidas em favor de Deus e pudermos chegar a dizer "já não vivo eu, mas Cristo vive em mim", e estamos abertos a, com fé, esperar o que Deus nos diz para esperar, em Terra, e na Eternidade.

Finalizando:

Irmãos, Cristo é a rocha. O porto seguro. Devemos abdicar do controle de nossas vidas, e deixar que Aquele que tudo sabe, que é imutável, e cujos propósitos perfeitos não podem ser detidos, tome o controle destas.

Assim, amaremos as pessoas com todo nosso vigor, não por interesse em algo que tenham a oferecer, mas em resposta ao que Deus JÁ ofereceu.

Aceitando o bem terreno que resultar de tais ações, mas esperando apenas a recompensa Eterna por Ele prometida.

VOCÊ não precisa "esperar" para entregar seu coração. VOCÊ já devia ter entregue seu coração. VOCÊ tem que estar apenas PRONTO, ABERTO ou aberta apenas para RECEBER e HONRAR, e que esse HONRAR, seja como honrar a Deus.

Que possamos abandonar nossas expectativas egoístas com relação às pessoas. Que como Oséias, amemos a prostituta infiel. Que como Deus, amemos a Igreja, corrupta. Que como José, mesmo ao ter nossas expectativas frustradas, amemos Maria, independente da mudança radical de rumo na vida.

Que busquemos de Deus e Sua sabedoria, a direção sobre que compromissos assumir, e a quê nos dedicar, e uma vez aceita tal escolha, que coloquemos nossos olhos no que é Eterno, e foquemos apenas em fazer nossa parte, com HONRA, a honra da qual Deus é digno, e que em Sua graça nos mandou estender a todos os outros, pelo que Ele fez, independente deles.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Questionamentos Inconvenientes

Gostaria de deixar claro de antemão que o que será exposto a seguir são questionamentos pessoais, logo, possivelmente mais perguntas do que respostas, e perguntas para as quais já tomei diferentes posições e em que sigo procurando respostas...

Na vida Cristã aprendemos que Deus é santo, e que nós também somos santos. Santos no sentido em que fomos chamados, "separados", para sermos semelhantes àquele que nos chamou, Jesus Cristo. Paulo nos chama a sermos seus imitadores assim como ele é de Cristo, e a Palavra também afirma que fomos predestinados a ter a nossa imagem "conformada" à imagem de Cristo, o qual serio o primogênito de um grupo de irmãos dos quais fazemos parte, afinal "Cristão" significa "pequeno cristo".

"Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos."
(Romanos 8:29)

Viver em santidade é refletir a imagem de Cristo. Eu, assim como todo Cristão, sou chamado a ser santo, mas tenho séria dificuldade em viver a santidade.

Muito se fala (erroneamente ao meu ver) de que a Bíblia é dividida em um "tempo da lei" e "tempo da graça", normalmente com demonstrações de contentamento por vivermos no "tempo da graça", com um pensamento de que estamos sujeitos a fardos mais leves.

De fato, podemos ter nossos "pesos" aliviados pela ação e capacitação do Espírito Santo, mas me pergunto se é realmente isso que a maior parte das pessoas pensa quando fazem afirmações como a acima, ou se elas (e eu) não pensam apenas que Deus está mais tolerante para com os nossas falhas.

O que seria um erro.

O sermão do monte deixa claro que o Jesus da graça tem padrões tão elevados quanto o YHVH da Lei, afinal, Jesus/Deus é o mesmo ontem, hoje e para sempre (Hb 13:8).

E o problema é que na maior parte do tempo, creio que eu (e muitos outros) não tenho o mesmo padrão que Deus, ainda que eu tenha aceitado um chamado exatamente para isso.

Como tenho lido no livro "A Batalha de Todo Homem" (Stephen Arterburn e Fred Stoeker - Editora Mundo Cristão), optamos muitas vezes por padrões "misturados". Optamos por excelência ao invés de perfeição. Perfeição é divina, excelência é humana, não é estranho que optemos pela excelência.

Do ponto de vista humano, a excelência já é um nobre alvo.

O problema é que do ponto de vista do eterno e divino, a excelência humana não passa de mediocridade.

Mediocridade e complacência andam de mãos dadas, é aquela velha coisa do "não é o melhor possível, mas é melhor do que os outros, então está bom".

Como Cristãos, muitas vezes esquecemos a "boa religião" ensinada em Thiago, e vivemos a "religiosidade" que tanto dizemos combater, nos enchendo de orgulho por "sermos melhores que os do mundo".

Eu não adultero, então está bom.
Eu não roubo, então está bom.
Eu não mato, então está bom.

Sim, muitos de nós evitamos tais atitudes e nos sentimentos corretos com isso, sendo inclusive muitas vezes reconhecidos e louvados por outros por termos tais posições.

Mas não importa o que eu penso ou o que os outros pensam, mas sim o que Deus pensa não é?

Paulo afirmava: "Acaso busco eu agora a aprovação dos homens ou a de Deus? Ou estou tentando agradar a homens? Se eu ainda estivesse procurando agradar a homens, não seria servo de Cristo." (Gálatas 1:10)

Será que REALMENTE podemos dizer o mesmo se aceitamos a excelência humana ao invés da perfeição?

Tomando como exemplo as alegações acima...

Um homem pode não trair sua esposa mas ter fantasias com pornografia ou simplesmente com lembranças passadas ou sua própria imaginação. Se sua mulher não tiver conhecimento de seus pensamentos (ou às vezes até tendo) ela simplesmente ficará feliz por ter um marido fiel. Mas e Deus? Jesus nos diz que um olhar ou pensamento é suficiente para que sejamos considerados adúlteras.

A excelência diz que o não praticar o ato de adultério é louvável, Deus diz que não devemos apenas fugir da exteriorização, mas que aquilo não deve nem sequer ter se materializado em pensamento.

"Vocês ouviram o que foi dito: ‘Não adulterarás’.
Mas eu lhes digo: qualquer que olhar para uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração." (Mateus 5:27-28)

Um homem pode nunca ter furtado um pão da padaria sequer, mas pode ter sonegado impostos e ter um computador cheio de arquivos piratas. A maior parte das pessoas considerará esse homem um homem normal, honesto. Deus todavia, há de descordar.

"Por causa do Senhor, sujeitem-se a toda autoridade constituída entre os homens [...]" (1 Pedro 2:13)

Assassinar alguém então nem se fala. A maioria de nós não somente não pratica tal ato como o repudia abertamente, inclusive independente de crença. E aí eu tenho uma grande dúvida que me confronta fortemente... Se eu não mato ninguém, mas me divirto em filmes cujo grande atrativo é a violência, como o recente "Imortais" ou a série "Jogos Mortais", o que isso diz sobre meu coração? E se meu lazer se constitui de jogos como "Mortal Kombat" e seus infames "fatalitys" ou a série "God of War" em que arrancar a cabeça de alguém e usar como item substitui o mero achar um item em um baú qualquer de jogos como Zelda?

O que me leva a ter prazer em tais coisas? E, de fato, matar alguém não é a mesma coisa que jogar God of War, mas para o Deus que se importa com meu coração, quão grande (ou pequena) é essa diferença?

O que eu sei enquanto Cristão é que meu espírito e minha carne vivem em constante batalha, e que toda vez que minha carne está vencendo contra o meu espírito, ainda que eu não saiba em quê, sinto o meu espírito se entristecer, sinto o Espírito Santo se entristecer, e logo fico abatido, apático, como que morto.

Orar fica difícil, há uma vergonha, como a de Adão, uma vontade de se esconder e nada falar ou me justificar e apontar dedos. Louvar, o mesmo. E logo essa vergonha vira uma apatia que contamina tudo, e de abismo em abismo, às vezes vem até vontade de morrer.

Eu não quero morrer.

E nem quero uma meia vida, não quero ser um zumbi, vampiro, ou o que quer que seja.

Quero a tal da vida em abundância. E o MEU pecado, é o MEU maior inimigo. Não adianta responsabilizar a sociedade, o "capeta", o próprio Deus, ou qualquer outra coisa. No fim das contas, as ações são minhas, e eu serei sempre o primeiro a sofrer as consequências delas.

Me pergunto em que pontos eu sou totalmente medíocre, humanamente excelente, ou pela graça de Deus, divinamente perfeito...

O quê ainda pode mudar? Como melhorar? Que galhos cortar?

Sim, melhorar sempre envolve cortar.

"Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor.
Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta; e todo que dá fruto ele poda, para que dê mais fruto ainda." (João 15:1-2)

Fugindo do óbvio e grandioso para o que parece pequeno e fútil...

Será que eu não preciso sim me esforçar mais para conter meus olhos e pensamentos com relação às mulheres? Será que às vezes não seria melhor ficar em casa do que ir à praia? Será que eu não deveria até mesmo evitar a companhia de algumas "irmãs" ?

Será que eu não deveria assistir menos a filmes que contenham cenas de nudez, violência e outras "agressões"? E não somente um "Jogos Mortais" mas até mesmo "Forrest Gump"?

Será que eu não tenho que ser mais contente e lutar com minha cobiça, aceitando que nem tudo eu posso ter? Será que eu não deveria poupar para comprar um windows original ou aprender a usar linux? E porquê eu faço questão de usar o Photoshop se não sou um profissional da fotografia? E se eu sou um profissional, porquê não pago pelo trabalho daqueles que me ajudam a ganhar dinheiro e fazer o meu trabalho?

Eu preciso quebrar as minhas finanças ou dos meus pais para usar roupa da Hollister, Abercrombie ou Aeropostale? Ou eu preciso tanto assim me enquadrar na "moda" que preciso usar "roupas piratas" para não gastar?

O quê eu preciso? O quê é importante? O quê é sacrificável? O quê é vaidade?

Se eu digo que Deus é tudo que preciso, mas invisto muito mais tempo em fazer as coisas que o desagradam, ou nem sequer procuro saber o que o desagrada (afinal, na ignorância eu tenho uma justificativa - será mesmo?), não estou vivendo uma incoerência, e pior, vivendo em pecado?

Todos somos tentados, o que muda é o que fazemos com essas tentações. Passarinho sempre vem, mas não devemos deixar que faça ninho.

Todos pecamos, mas a questão é nossa postura diante disso.

A boca fala do que está cheio o coração. Os olhos buscam aquilo que os agrada. O que as coisas que colocamos diante dos nossos olhos e nas quais investimos tempo dizem sobre nós? Sobre o que amamos falar? Para nós, o que é mais importante compartilhar?

Eu já dediquei meu tempo à nobre causa de divulgar a honorável "cultura japonesa". Revistas em quadrinhos e desenhos animados. Quão nobre.

É sério que seu principal assunto com seus amigos são videogames? Jogos? Futebol? Novela? Cinema?

São esses os tesouros das nossas vidas? É isso que queremos compartilhar e deixar?
Seu quarto é um templo à Deus ou à uma banda? Um templo ao cinema?

Sequer há comparação?

E talvez até digamos que Deus é mais importante, mas o que as paredes de nossos quartos, os arquivos de nossos computadores, nossas conversas com nossos amigos e cônjuges e a divisão do nosso tempo nos diz?

Pecar cansa. Eu não quero morrer. Eu não quero fingir que não vejo e não sei. Eu não sou ignorante.

Eu quero viver.

Eu não tenho as respostas para todas as perguntas, eu não sei o limite do aceitável em todas essas coisas. Eu não sei até que ponto é santidade, imaginação ou loucura.

Mas eu certamente não quero fingir que não há nada errado. Eu quero ser podado.

Eu quero realmente ter Deus acima de tudo, e toda a VIDA que vem com isso.

E se nós realmente desejamos isso, então fica ridícula qualquer comparação, e realmente podemos dizer que temos TUDO como perda, diante de Deus.

Eu posso sim abrir mão de cinema, jogos, lazer ou o que quer que seja por Deus. E você também pode.

Mas não façamos sacrifícios desnecessários, por orgulho, falsa piedade, hipocrisia, ou "religiosidade", mas busquemos verdade e sabedoria. Como disse o próprio Jesus, a quem devemos ter como padrão e sermos seus imitadores...

"Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, pois eles não são do mundo, como eu também não sou.
NÃO ROGO QUE OS TIRES DO MUNDO, mas que os protejas do Maligno.
Eles não são do mundo, como eu também não sou.
Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.
Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo.
Em favor deles eu me santifico, para que também eles sejam santificados pela verdade." (João 17:14-19)

Que possamos conhecer a verdade, e vivê-la, agradando não a homens (nós mesmos inclusive), mas à Deus, sabendo que isto é tudo que precisamos, e que isto sim é digno de ser compartilhado e gera vida.

Nem sempre teremos todas as respostas, mas que possamos buscar o entendimento da verdade, fazendo as perguntas difíceis e inconvenientes, para que não sejamos apenas chamados a ser santos, mas que a santidade seja algo real em nossas vidas.

És tudo que eu preciso Senhor, me lembra disso dia após dia, e opera em mim o amar a Tua Palavra e o vivê-la. Que eu consiga imitar Paulo, que eu consiga Te imitar.

Me sustenta com a tua misericórdia, e me corrige como um Pai que corrige o filho a quem ama.

"[...] Se, porém, alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo. (1 João 2:1-2)

(Salmo 51:1-17)

"Tem misericórdia de mim, ó Deus, por teu amor; por tua grande compaixão apaga as minhas transgressões.
Lava-me de toda a minha culpa e purifica-me do meu pecado.
Pois eu mesmo reconheço as minhas transgressões, e o meu pecado sempre me persegue.
Contra ti, só contra ti, pequei e fiz o que tu reprovas, de modo que justa é a tua sentença e tens razão em condenar-me.
Sei que sou pecador desde que nasci, sim, desde que me concebeu minha mãe.
Sei que desejas a verdade no íntimo; e no coração me ensinas a sabedoria.
Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e mais branco do que a neve serei.
Faze-me ouvir de novo júbilo e alegria; e os ossos que esmagaste exultarão.
Esconde o rosto dos meus pecados e apaga todas as minhas iniqüidades.
Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim um espírito estável.
Não me expulses da tua presença, nem tires de mim o teu Santo Espírito.
Devolve-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito pronto a obedecer.
Então ensinarei os teus caminhos aos transgressores, para que os pecadores se voltem para ti.
Livra-me da culpa dos crimes de sangue, ó Deus, Deus da minha salvação! E a minha língua aclamará à tua justiça.
Ó Senhor, dá palavras aos meus lábios, e a minha boca anunciará o teu louvor.
Não te deleitas em sacrifícios nem te agradas em holocaustos, se não eu os traria.
Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás."

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Missões, os talmidim, Martin Luther King Jr, e o que isso tudo tem a ver com o Brasil

Os onze discípulos foram para a Galiléia, para o monte que Jesus lhes indicara. Quando o viram o adoraram; mas alguns duvidaram. Então, Jesus aproximou-se deles e disse: "Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos" (Mateus 28:16-20)

Atualmente, o número de Evangélicos no Brasil cresce numa proporção maior do que a própria população Brasileira. O que é alarmante nisso é que a conseqüência lógica de tal fato deveria ser uma população moralmente melhor, mais parecida com o Deus que diz professar, mas, não é isso que temos visto. Pelo contrário, observa-se que o país tem caminhado rumo à decadência ética e moral, com uma séria inversão de valores e até mesmo a perda do respeito pela igreja por parte do restante da população. Como dito, desse crescimento numérico, espera-se um país mais parecido com Deus, mas o que tem acontecido é justamente o contrário. A pergunta é: por quê?

Talvez, parte da resposta esteja na forma como tem se feito missões. Fala-se muito no "ide" e em "nações", mas no texto de Mateus, o foco não parece estar nessas coisas; pelo contrário, elas aparecem como acessórias. O foco do texto, e da grande comissão, é fazer discípulos.

Diz-se que o Evangelho segundo Mateus foi escrito para os Judeus, o povo que originalmente recebeu as promessas e a Lei de Deus, mas que agora viam inúmeros de seus paradigmas culturais e religiosos sendo quebrados pelo Messias por quem esperavam. Esse povo, os Judeus convertidos, tinham fé, mas precisavam aprender uma nova maneira de viver essa fé.

No tempo de Jesus, os Judeus contavam com um sistema de mestres, os Rabinos (o próprio Jesus foi chamado de Rabi), que eram responsáveis por ensinar a Palavra às pessoas e treinar discípulos, os Talmidim, para que eventualmente estes dessem continuidade àquele ensino.

Aos 5 anos de idade, uma criança na Galiléia começava a aprender sobre o Pentateuco, daí seguiam várias etapas, nas quais alguns paravam com o ensino "religioso" para perseguir outro ofício, e os "melhores" continuavam com esse estudo até o ponto em que eles escolhiam um Rabino cujo ensino admirassem, para viajar com ele e dele aprender. Somente os melhores alunos tinham a oportunidade de se candidatar a ser Talmidim, discípulos.

Ademais, um Talmidim não era um mero aluno. Além de vir de um grupo seleto, dos "melhores", um Talmidim não queria apenas aprender aquilo que seu mestre (Rabi) tinha para ensinar; ele queria ser igual ao mestre, ao ponto que dizia-se que um discípulo acompanhava seu mestre de tão perto e tão intensamente, que ao final de um dia de caminhada ele estaria coberto pela poeira levantada pelas sandálias de seu Rabino.

Jesus modificou "um pouco" essa ordem. Jesus (que começou seu ministério por volta dos 30 anos, como "qualquer" Rabino) não esperou por candidatos a Talmidim. Ele escolheu seus próprios discípulos (João 15:16). E eles não eram os melhores. Os doze que Jesus escolhera para ensinar fugiam completamente aos moldes tradicionais de um Talmidim. E mais, a esses doze, Ele deu a missão de irem e fazerem com que outros, de TODAS as nações, se tornassem discípulos como eles, para guardar tudo aquilo que Ele, Jesus, ensinara. E essa foi a missão dos apóstolos (do grego apostolos, emissário ou mensageiro), ir e fazer com outros aquilo que Jesus fez com eles. Torná-los discípulos, seus imitadores, assim como eles eram imitadores de Cristo (1 Coríntios 11:1).

O problema atual é que esse foco se perdeu.

Aqueles que hoje se auto-denominam "apóstolos", por muitas vezes não carregam a mesma mensagem que Cristo passou aos doze. Em uma generalização superficial (atentar para o generalização, e, o superficial), pode-se dizer que as igrejas tradicionais reduziram seu foco ao mero ensino de algumas verdades a serem acreditadas (e nem sempre seguidas), que os pentecostais valorizam as experiências e sentimentos em detrimento da sã doutrina, e que os neo-pentecostais tratam a Palavra como um manual de auto-ajuda sobre como obter sucesso material e o "culto" como uma forma alternativa às drogas de obter um "êxtase" momentâneo.

Para muitos "cristãos", a vida tem basicamente apenas dois momentos: o de levantar a mão na igreja e o de chegar ao Céu. Parece que pouco importa o que se faz no intervalo entre um momento e outro, e que a existência do primeiro garante a existência do segundo. Mas a verdade, é que há toda uma vida a ser vivida, e que para o cristão, essa deve ser uma vida de discipulado, uma vida de imitação a Cristo.

Ser discípulo não é receber benção, crer em algo, ter algumas experiências, sucesso, ou até mesmo terminar o curso de "discipulado" da igreja (normalmente feito em 12 lições). Um discípulo tem que buscar ser igual ao seu mestre.

Mateus deixa claro que a grande comissão se trata de fazer discípulos, e isso consiste em ensinar as pessoas sobre Cristo e quem Ele é, para que estas por sua vez tornem-se semelhantes a Ele.

Esse deve ser o foco das nossas "missões". Esse deve ser o foco de nosso "ensino". E é isso que precisamos ensinar as pessoas a VIVER.

Não, levantar a mão na igreja uma vez na vida não garante que você chegue ao Céu. Não que sejam suas obras que o salvem (Efésios 2:8-9), mas, a fé sem obras é morta (Tiago 2:17). A idéia de uma isenção de responsabilidade por um "tempo da graça" é irreal. Cristo, que é gracioso, é ainda mais rigoroso do que a Lei de Moisés. A lei dizia que o adultério consistia em um ato, enquanto para Cristo, um pensamento é suficiente. A Lei ensina o amor ao próximo, ao passo que Jesus, nosso Rabi, nos ensina que isso "não é nada demais" e que devemos amar até mesmo aos nossos inimigos (Lucas 6:32-35), e mais, que devemos amar como Ele (que deu a própria vida) amou, e que ISSO é o sinal de um de seus discípulos (João 13:34-35).

É isso que precisamos ensinar! E é esse ensino que consiste em fazer missões. É isso que pode promover as transformações que ansiamos ver e que muitas vezes não vemos em nosso país.

Dois dias atrás, 15 de janeiro, foi aniversário de Martin Luther King Jr.

Martin Luther King Jr. foi um pastor. E pecador. Adúltero. Porém, ainda que com falhas, quando ele resolveu ensinar e viver a mensagem de Cristo, do sermão do monte, de dar a outra face, de se negar, esse homem ajudou a contribuir para o fim da segregação racial nos Estados Unidos da América, e hoje, anos depois, um homem negro é presidente da nação mais poderosa do mundo. Isso é sal da terra. Essa é a mensagem que gera mudança.

Em seu discurso no Nobel de 1964, Martin Luther King Jr. proferiu as seguintes palavras:

E ainda, apesar destes avanços espetaculares na ciência e na tecnologia, e dos muitos mais que ainda estão por vir, algo básico está faltando. Há uma espécie de pobreza de espírito que aparece em forte contraste com nossa abundância científica e tecnológica. Quanto mais ricos nos tornamos materialmente, mais pobres temos ficado espiritualmente. Aprendemos a voar no ar como pássaros e nadar no mar como peixes, mas não aprendemos a viver juntos como irmãos.

Hoje, podemos traçar alguns paralelos com esse discurso. Os "apostólos" brasileiros tem jatinhos, lanchas, canais de TV e rádios, mas trocam tapas publicamente e são tão parecidos com Jesus quanto um apresentador de programa de auditório.

Precisamos lembrar qual o ensino e que tipo de vida tem um discípulo, um talmidim. Temos que lembrar de que consiste "fazer missões".

No Brasil multiplicam-se os "evangélicos", mas temos uma carência de discípulos, e de reais "missionários", emissários que carreguem a mensagem que REALMENTE importa. A mensagem de Cristo. E essa é a razão de não vermos aquilo que temos ansiado ver. Aquilo que TODA A CRIAÇÂO anseia por ver (Romanos 8:19).

Quando da grande comissão, se muito, haviam ali quinhentos discípulos, e nem todos creram, mas eles foram suficientes para mudar o mundo para sempre. Um homem, Martin Luther King Jr., e aqueles que a ele ouviram, foram suficientes para mudar a história do mundo moderno e os rumos de uma nação.

Onde estão os discípulos do Brasil em meio a seus 30 milhões de evangélicos (dados de 2003)?

Levantemo-nos ó discípulos, e preguemos a Palavra da Verdade. Não olhemos apenas para as dificuldades e medos, mas lembremo-nos que O que envia é O mesmo que promete estar conosco todos os dias. Como dizem, sejamos nós mesmos a mudança que queremos ver.

Que Cristo possa ser gerado em nossas vidas.

Para que possamos ser instrumento para O gerar em outras vidas.

(Texto inspirado na pregação do Pr. Kleber Nobre na 1ª Igreja Presbiteriana Independente de Natal no dia 16/01/2010)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Desabafo - Sobre defesas

Olá.

Antes de começar, quero desejar que a Paz do Senhor seja com você, que está lendo este post. Digo isso não por jargão ou mero clichê, mas porque eu sei como é difícil e duro viver uma vida sem esta Paz, e realmente a desejo para mim e para você.

Qualquer pessoa que leia este blog pode perceber que sua atividade e número de posts tem caído com o tempo, o que pode ser considerado um triste fato ou algo normal, uma parte da vida.

Este post não é um indicador de que o blog retome o mesmo nível de atividades que um dia teve, mas, é um novo post ainda assim, e eu peço que você ache em seu coração a disposição e a paciência para o ler...

Para aqueles que não me conhecem, um breve resumo da minha história:

Nascido em berço evangélico, família de pastores, pai professor do Discipulado na Assembléia de Deus.

Ativo na Igreja até os 15 anos de idade.

Decepção com o que entendia ser a hipocrisia da "igreja".

Afastamento.

Dentre outras coisas, confrontado por Deus de que essa "hipocrisia" não existia apenas na igreja, mas em todo o mundo, e especialmente FORA da igreja, a começar por mim.

Volta à igreja em 2007, então com 20 anos.

Criação de laços, crescimento, e um encontro genuíno com Deus em 2008, que fora o melhor, e ao mesmo tempo o pior ano da minha vida.

Eu poderia dizer que experimentei o "primeiro amor" no ano de 2008. Tive meses excelentes, de busca constante, mudança "radical", crescimento, amadurecimento, experiências, testemunhos, e etc.

Mas, ainda em 2008, quando o ano já chegava ao fim, passei por uma "fase de Jó" em que absolutamente nada deu certo na minha vida.

Foi muita dor.

Dessa experiência, tive a confirmação de que Deus DE FATO não nos abandona e permanece Fiel.

E desde já, digo, ache consolo nisso.

Deus é Fiel, e isso também não é mero jargão.

O terrível fim de 2008 foi seguido por um começo de 2009 de busca intensa, e de mais crescimento, um período bom, que trouxe novas mudanças e novos começos.

Mas as coisas ainda assim já não eram as mesmas...

O intuito deste post é um desabafo, uma exposição pessoal de confrontos atuais, que eu espero possa servir para o crescimento de mais alguém além de mim.

Meu "primeiro amor" morreu em 2008.

Tenho percebido que após as feridas daquele ano (e outras ainda mais antigas), se sucederam outras tantas, e que essas cada vez mais tem colaborado para endurecer meu coração...

E eu não sei quantos de vocês, leitores, internautas, blogueiros, twitteiros, talvez estejam na mesma situação.

Mas, eu sei que não estou só.

Basta olhar os blogs, os perfis de orkut, as mensagens de twitter, que facilmente percebe-se uma tendência cada vez maior de se falar em apologética por exemplo.

Apologética, defesa da fé.

Não é ruim, é algo excelente! É bíblico, e dever cristão.

É algo que eu tenho lido bastante, e participado de discussões sobre...

Mas hoje, enquanto lia o Evangelho segundo João, percebi que Jesus fora contrariado por muitas pessoas... Estudiosos de sua época. Pessoas cheias de conhecimento, mas que tinham grande dificuldade em crer e receber algo que fosse diferente daquilo que já viviam e conheciam e que já haviam visto inúmeros auto-proclamados messias.

E então me perguntei:

Se Jesus vivesse hoje, eu O seguiria?

Novamente, por mais comum que seja a pergunta, não a faço por mera repetição, mas porque me abalou profundamente.

A resposta é que provavelmente não, eu não reconheceria em Jesus, o Cristo.

Irmãos, eu luto MUITO contra regrinhas.

Eu vivo dizendo para as pessoas não criarem regras e leis que não estão na Bíblia, para não aprisionarem as pessoas, que Cristo veio para trazer liberdade...

Mas a verdade, é que eu criei minhas próprias regras.

E que muito possivelmente, Jesus não se encaixaria nelas.

E é aí que entra o exemplo da Apologética.

A Bíblia fala, em Mateus 24:12, que por se multiplicar a iniquidade, o pecado, o amor de muitos se esfriará.

É fácil entender isso.

Se pecam contra você, você se machuca, se você se machuca, tem dificuldade em querer o bem daquela pessoa ou no mínimo vai buscar uma forma de se proteger e garantir que você não possa ser machucado da mesma maneira...

Apologética. Defesa da fé.

Ou será que muitas vezes não é mera fachada para "minhas defesas"?

Quero repetir, a Apologética é um estudo válido e um dever cristão.

Não é disso que falo, mas sim da forma como as vezes nos valemos de uma SUPOSTA apologética como mero mecanismo de defesa.

Praticamente todo mundo já se machucou dentro de uma igreja.

São profetadas não cumpridas, imposições de irmãos, falsidade, hipocrisia, mentiras, pesos, cobranças.

"Heresias".

Ou, é debaixo desse nome que "jogamos" todas essas coisas.

Falando sobre mim...

Eu fui muito ferido dentro da igreja, e por meus irmãos.

E o que agora percebo é que esta tem sido a minha resposta...

Se eu vi profecias "furadas", ainda que não tenham sido comigo:

"Precisamos analizar as profecias com muito cuidado! Precisamos saber manter um pé atrás! Como é a vida desse irmão que está falando? Será que a teologia dele é correta?" E o mesmo se aplica para sonhos ou qualquer espécie de "revelação".

E isso é só um exemplo.

Desse tipo de postura, tenho percebido que não somente minha fé tem se enfraquecido como tenho julgado irmãos que já conheço, e tido préconceito com vários que não conheço diante de qualquer indício de "erro teológico" ou "infantilidade pentecostal", prejudicando minha comunhão e me tirando até mesmo oportunidades de ser abençoado pela Palavra sendo exposta e revelada por pessoas que sim, podem ter errado alguma vez na vida (e provavelmente vão continuar errando, por serem humanos), mas que Deus usa ainda assim.

O que percebo agora é que conforme foram se acumulando as feridas, muitas vezes, meu suposto estudo da Palavra tem sido não para conhecer mais a Deus, mas sim para mais facilmente identificar os "erros teológicos" dos outros, e assim, encontrar mais formas de me proteger de possíveis machucados e decepções.

É, ler a Bíblia pode sim ser ferramenta de separação e fruto de egoísmo. E medo.

Percebo que essa postura não tem me trazido os benefícios que supostamente deveria trazer.

Ela não tem me impedido de me machucar, e só tem esfriado meu relacionamento com Deus, me isolado das pessoas e me roubado oportunidades.

Graças a Deus, Ele é misericordioso para corrigir a quem ama...

E novamente, ache consolo nisso irmão.

Não é tarde demais para mim.

Não precisa ser tarde demais para você.

Nós, eu e você, precisamos conhecer a Palavra. Nós precisamos ser "obreiros aprovados que manejam bem a Palavra da Verdade" (2Tm 2:15). Mas, isso não significa estar numa luta contra tudo e todos, taxando tudo de heresia e tratando as pessoas que cometem qualquer erro como inimigas.

Um irmão que errou com você não é um inimigo.

É um irmão.

E ainda que existam doutrinas, teologias, idéias, que precisam ser combatidas, temos que combater estas, e não as vidas que as proclamam e defendem.

Temos que amar estas vidas.

E se você realmente conhece a "Palavra da Verdade", como você deve supor conhecer, e como eu acho que conheço, então você também conhece a passagem que diz que "dos ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus, é esperado que sejam encontrados fiéis" (1Co 4:1-2), e você inclusive provavelmente já a usou como desculpa para não dar crédito a alguém. Mas será que nós, eu e você, somos esses ministros fiéis?

Será que temos crido naquilo que Deus pede que creiamos?

Será que temos perdoado, como Deus pede que perdoemos?

Será que temos sido luz, como Deus pede que sejamos?

Será que temos amado aquilo que Deus ama?

Ou, será que temos é pago o mal com o mal e contribuído para que o mal que nos foi infligido não pare em nós, mas seja infligido também a outros?

Temos sido despenseiros da Graça e Mistérios de Deus, ou despenseiros de medo, desânimo, ceticismo, escárnio, e assim por diante?

Será que temos sido mais Saulo do que Paulo?

Se pergunte, nas conversas que você tem tido parte, como você tem contribuído?

As pessoas, após conversarem com você, tem saído edificadas ou meramente assustadas ou machucadas? (E as que concordam com você, será que é porque você está certo ou apenas elas estão tão erradas quanto você?)

Percebo agora que em algum momento no meio do caminho, de 2009 pra cá, eu me tornei menos parecido com Cristo do que eu era, ao invés de mais.

E é hora de corrigir isso.

Eu peço a Deus, neste instante, para que restaure a nossa fé irmão. A minha e a sua.

Eu peço a Deus que restaure o nosso amor.

Eu peço a Deus que nos ajude a nos unir em torno daquilo que somos semelhantes ao invés de nos separarmos por conta das diferenças, e que esta semelhança seja a fé e dependência em Jesus Cristo.

Eu peço a Deus que cure toda ferida e acabe com todo trauma.

Eu peço a Deus que sejamos mais vulneráveis, e portanto, mais abertos.

Eu peço a Deus que nós nos preocupemos mais em amar do que nos defender.

E convido você a fazer o mesmo.

Que nossos blogs, twitters, sites, comunidades de orkut, atos, palavras, vidas, sirvam mais para falar de amor, graça, esperança, e fé, do que para lutar com inimigos reais e imaginários.

Que Deus os abençoe, e que seus corações possam estar nas mãos carinhosas d'Ele, onde é o lugar mais seguro para se repousar.

Soli Deo Gloria.



sábado, 21 de agosto de 2010

Grão de mostarda


Oi?!

Vocês já viram um grão de mostarda? Pois é, eu também nunca tinha visto um "pessoalmente". Mas, recentemente, ganhei um de presente. Ele é minúsculo, redondinho, durinho e exatamente da cor do molho de mostarda (por que será?).

Quem me deu disse que era para que eu me lembrasse todos os dias o quão pequena é esta semente e lembrasse, também, da Palavra na qual diz que se nossa fé for do tamanho de um grão de mostarda, poderemos fazer grandes coisas.

"E disse o Senhor: Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a essa amendoeira: Desarraiga-te daqui, e planta-te no mar; e ela vos obedeceria."
Lucas 17:06

Chegou em boa hora. Tem coisas que a gente sabe mas acaba deixando de lado, não vivenciando, em virtude de diversos fatores que aqui não importam relatar. Entretanto, quando falamos em fé, é intrínseca a ela a condição de existência não importando as circunstâncias ou motivos.

Ora, a fé só existe de verdade se o objeto no qual você acredita não está visível aos seus olhos, se aquilo que você almeja ou espera não está em suas mãos. Quem precisa acreditar que um pássaro pode voar se basta olhar ao redor e os ver por toda a parte voando? Para isso não é necessário a fé; basta a razão.

"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem."
Hebreu 11:1

"Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu e, para a salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé."
Hebreus 11:7

A fé é um instrumento essencial na vida do cristão. Primeiramente, ela é o "escape" dado a nós por Deus para que não nos desesperemos diante dos problemas, tendo a certeza que Aquele a quem entregamos nossa vida a tem na palma de suas mãos; Ele nunca perdeu o controle; nEle esperamos e confiamos; independente das circunstâncias.
E como um processo cíclico e contínuo, através da nossa fé, esse "escape", adoramos e agradamos a Deus pelo fato de confiarmos inteiramente nEle.

"Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam."
Hebreu 11:6

"Mas o justo viverá da fé; E se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele."
Hebreu 10:38

Eu sei que você pode estar pensando agora que é fácil falar o difícil é fazer. Bem, fácil não é. Nossa natureza humana pecaminosa é tendencialmente imediatista e necessita do palpável, de "ver para crer". Mas Deus é misericordioso, Ele explicou como a gente faz para conseguir.

"De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus."
Romanos 10:17

Quando tudo vai bem, quando tudo está dando certo você não vai precisar por sua fé em ação. Nos momentos difíceis, quando tudo a sua volta parece ser um enorme buraco negro e quando parece que Deus não está nos ouvindo, esse é o momento de fechar os olhos, ignorar a razão e as aparências e dizer: "Deus, eu posso não estar vendo, sentindo e nem mesmo com muita força para acreditar que tu estás trabalhando e fazendo o melhor por mim. Mas eu escolho confiar em ti. Dê-me forças para que eu rompa com minhas tendências falhas e nunca deixe de confiar em ti. Resolve por mim."

Nós sempre temos uma escolha. Mas Ele sempre nos mostra a melhor delas. Ele nos mostra que a melhor escolha é confiar. As vezes penso como deve ser desesperador não ter Deus na sua vida e não ter em quem esperar, não ter o conforto e a certeza da real felicidade. Graças a Ele que nos dá isso.

"Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera, ²¹A esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém."
Efésios 3:20,21

Que o Senhor continue nos abençoando e guiando.