quarta-feira, 28 de abril de 2010

R E S P E I T O

Andar de ônibus, apesar do desconforto, nos proporciona uma coisa muito interessante que é a interação e o observar de perto as pessoas, seus comportamentos e linguagens, coisa que não ocorre quando estamos dentro de nossas “bolhas”, como por exemplo, nossos carros. Não estou dizendo aqui que prefiro andar de ônibus, que fique bem claro, portanto, se alguém quiser me dar um carro de presente, sinta-se a vontade (ressalte-se que eu achei o UNO novo lindo; fica a dica ;D ); entretanto, precisamos achar coisas boas, retirar lições das situações que nos são impostas. Assim crescemos, melhoramos.


Neste sentido, em uma das minhas idas e vindas de ônibus nesta semana, observei um comportamento em particular e, desta vez, para comigo. Estava eu lendo feliz e alegremente meu livrinho do Calvin&Haroldo, me divertindo com as peripécias daqueles dois, quando escutei uma voz que parecia dirigir-se a mim em um tom incisivo com a seguinte frase: “Você quer afastar para lá para eu sentar ai?”; levantei a cabeça e era mesmo comigo, uma senhora estava em pé ao meu lado falando isso.


Não muito feliz com a situação, posto que me senti desrespeitada, respondi calmamente: “Não, eu levanto, afasto e a senhora pode passar e sentar-se aqui do meu lado”. E foi o que fiz. Ela fez uma cara de desdém, passou e sentou-se ao meu lado mesmo contrariada, já que ela queria o meu lugar na cadeira do corredor e eu afastei para que ela sentasse na cadeira junto à janela.


No resto da viagem Calvin&Haroldo ficaram meio desprezados, pois eu não conseguia parar de pensar naquela situação: o ônibus estava vago, bastante vago, acrescente-se, eu não estava nos acentos preferenciais de idosos, mas aquela senhora sentiu-se no direito de querer que eu saísse do meu lugar para ela sentar nele, e mais, ficou com raiva porque eu não o fiz.


Pensando sobre isso tudo, percebi que, apesar do que muitos possam afirmar em vias de “dito popular”, isso não se deve ao fato daquela pessoa ser idosa, mas sim pela falta de educação e amor ao próximo. Já vi muitos idosos carinhosos, compreensivos, educados, que respeitam as pessoas e não acham que podem tudo por serem mais velhos; o respeito está acima disso, independe de idade, sexo, raça, religião ou classe social. Está intimamente ligado à educação e ao temor a Deus.


Se o ônibus estivesse lotado ou se eu estivesse sentada nos acentos preferenciais de idosos certamente cederia meu lugar para ela. Mas é tão absurdo que eu tivesse que sair do meu lugar por um simples capricho e falta de respeito! Educação e amor ao próximo faltaram àquela senhora. Se ela tivesse educação não teria me abordado de forma tão absurda; se ela tivesse amor ao próximo não teria agido comigo como não gostaria que agissem com ela.


A Palavra é clara ao retratar que devemos amar ao próximo como a nós mesmo e que quem não ama ao próximo não pode dizer que ama a Deus, senão vejamos:


Mateus 19:19:

Honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo.

1 João 4:20:

Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?


O problema é que, quando falamos em “amar ao próximo”, as pessoas tendem a idealizar essa frase, o que tornaria a ação ordenada impossível. Ao ordenar que devemos amar ao próximo como a nós mesmo, Deus nos mostra que devemos agir com respeito e educação para com os outros, que não devemos fazer aquilo que não gostaríamos de receber. Mostra-nos, ainda, que, acima de tudo, devemos saber que Jesus morreu, também, por aquela pessoa que está ao seu lado e você nem conhece; diante dEle ela tem o mesmo valor que você: o sangue de Jesus derramado na cruz.


Amar ao próximo como a si mesmo significa dizer que você entende que aquela pessoa merece o mesmo respeito que você espera ter, que aquela pessoa tem o mesmo valor que você, que é sua obrigação ajudar aos que precisam quando puder e mostrar a luz de Deus em sua vida. Não significa que por sermos cristãos devemos nos deixar humilhar (lembre-se, é “como a si mesmo”, não acima de si), mas você pode fazer valer seus direitos com educação.


Não importa quantos anos de pastorado alguém tenha, se já leu a Bíblia toda 50 vezes, se está na igreja todos os dias, se faz caridade às instituições: se ainda não entendeu a mensagem central deste texto, se ainda não procura aplicá-la em sua vida, está precisando começar tudo de novo. Temos consciência de que não somos perfeitos, que erramos todos os dias e que todos, redundantemente eu digo – sem exceção –, precisamos melhorar a cada novo dia, conhecer e prosseguir em conhecer a Cristo. Esta simples consciência do que devemos fazer, do que significa o que Deus nos ordenou, já é um bom começo, o passo seguinte e tentar efetivar a idéia.